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segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Camisa da Seleção no Mundial de 1958

Parcerias e estratégias promocionais não são privilégios da atual conjuntura do Futebol.

Já na década de 1950, as empresas e principalmente as confederações perceberam a importância – e necessidade – de parcerias, para o fornecimento de material esportivo, ou outros materiais, e prestação de serviços diversos.

Na Alemanha, notadamente, a Deutscher Fuβball-Bund (Confederação Alemã de Futebol) fechou parceria com a adidas – indústria de Adolf Dassler – para o fornecimento de agasalhos e principalmente chuteiras para os atletas da Seleção (a camisa era fornecida pela malharia Leuzela).

Para a CBD – Confederação Brasileira do Desporto – muitas foram as parcerias, naquele período. Para o transporte aéreo, a Panair do Brasil S.A. (fechada em 1965); trajes para viagem a Indústria de Malhas Tricot-Lã S.A. e Indústria de Alfaiataria A Exposição; e as chuteiras fornecidas pela Gaeta.

Para os uniformes, a primeira parceira foi a Superball, mas foi a Athleta que obteve mais notoriedade a partir daquele período, principalmente para o fornecimento de uniformes de treino.

Somam-se a essas duas empresas a Indústria de Malhas Ceppo Ltda (empresa localizada em São Paulo), fundamental na campanha da Seleção de 1958.

Com o mesmo modelo utilizado no Mundial de 1954, com golas largas e corte frontal em “V”, e na coloração clássica de amarelo “canário” (mais próximo do ouro), as camisas foram confeccionadas com pequenas alterações: os números mudaram de azul para verde e o escudo foi confeccionado em tamanho maior, principalmente para a sigla CBD.

Uma curiosidade sobre a numeração das camisas: a FIFA exigia que cada confederação enviasse a lista de jogadores inscritos com a numeração definitiva. A CBD “esqueceu”, e mandou uma lista incompleta. Coube ao dirigente uruguaio Lorenzo Vilizio a tarefa de numerar a Seleção (de fato, décadas mais tarde, foi comprovada que o “esquecimento” foi mais uma das sensacionais estratégias “supersticiosas” do chefe da delegação Brasileira, Paulo Machado de Carvalho).

Foi com uma camisa amarela da Ceppo/Superball que a Seleção ganhou a primeira partida no dia 8 de junho de 1958, na goleada por 3 a zero da Áustria, em Rimnersvallen, com dois gols de Mazzola (número 18 na camisa).

Com essa mesma camisa, veio o empate sem gols contra a Inglaterra, no dia 11 de junho, e a vitória de 2 a zero contra a União Soviética, no dia 15 de junho.

Na fase de quartas-de-finais, um jogo que entraria para a História: a vitória contra o País de Gales por 1 a zero passaria despercebida, se não fosse pelo fato do gol ter sido marcado por um jovem de 17 anos, de nome Edson, que seria eternizado pelo seu apelido: Pelé.

No dia 19, uma goleada contra a França de 5 a 2, na semifinal, que garantiu a vaga à final da competição. Neste jogo, o artilheiro francês Just Fontaine marcou um, enquanto que Pelé marcou simplesmente 3 gols.

O adversário da final seria a Suécia, que também possuía uma camisa amarela como uniforme principal. No sorteio, realizado na véspera, a Suécia garantiu o direito de utilizar o uniforme principal.

A CBD havia levado três outros jogos de uniformes “secundários” – um verde, outro azul escuro e um último branco. Todos foram utilizados nos treinos, e não estavam em condições de serem utilizados em jogo de tal importância.

Mas, em outra estratégia genial de Paulo Machado de Carvalho, seria mais oportuno “jogar com a sorte”.

Em uma loja de artigos esportivos, em Estocolmo, o roupeiro Francisco de Assis foi incumbido de comprar um jogo de camisas; comprou dois jogos, um da marca Idroff, e outro, Umbro.

Assim, Francisco de Assis, que além de roupeiro auxiliava a chefia da delegação em vários assuntos, e Mário Américo, massagista, foram os responsáveis de “esconder” o segredo, que o Brasil jogaria com outro uniforme. Durante a madrugada, enquanto os atletas dormiam, recortaram os escudos (também chamados de “distintivos”) e "pregaram" os números amarelos que conseguiram para um "jogo de camisas completo", e improvisaram os outros números com a malha das camisas disponíveis (recortaram os números em amarelo do tecido das camisas). Assim, todas as camisas foram preparadas, para a partida final.

Figura: Seleção na Final do Mundial de 1958.

Na conversa com os jogadores, após o café-da-manhã, Paulo Machado de Carvalho e o técnico Vicente Feola contaram a novidade para os atletas. Surpresos, receosos e a princípio relutantes, foram incentivados pelo chefe da delegação com a célebre frase: “Jogaremos de azul porque essa é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida”.

Resultado final: 5 para o Brasil (de azul marinho) a 2 na Suécia (de amarelo) e o Primeiro Título Mundial de Futebol.

A camisa com marca Idroff usada por Pelé na final foi leiloada em 2004 por US$ 105,600.00 (R$ 191.030,00 – cotação em 17 de maio de 2010). Ela pertencia ao Museu de Esportes Edvaldo Santa Rosa - nome do ex-jogador Dida, que ganhou a camisa nos preparativos da viagem de retorno ao Brasil – mas teve que ser leiloada por dificuldades econômicas.

Seleção Campeã do Mundo em 1958: Castilho (Fluminense) e Gilmar (Corinthians) para o gol; De Sordi (São Paulo) e Djalma Santos (Portuguesa de Desportos), laterais direitos; Bellini (Vasco da Gama) e Mauro (São Paulo), beques centrais; Orlando (Vasco da Gama) e Zózimo (Bangu), para a quarta zaga; Nilton Santos (Botafogo) e Oreco (Corinthians) para a lateral esquerda; Zito (Santos), Moacir (Flamengo), Didi (Botafogo) e Dino (Corinthians), para o meio do campo; Garrincha (Botafogo) e Joel (Flamengo), para a ponta direita; Vavá (Vasco da Gama), Dida (Flamengo), Pelé (Santos) e Mazzola (Palmeiras), atacantes; Zagalo (Botafogo) e Pepe (Santos), para a ponta esquerda.

Fontes de pesquisa:

50 anos de emoção e gol: a história da copa do mundo. Revista Oficial da CBF, Rio de Janeiro, pp. 7-8, Bloch Editores, 1980.
Die gröβten Spiele. Sport Bild, Band 2, Hamburg, 2006.
GLANVILLE, Brian. O Brasil na Copa do Mundo. Porto Alegre: Editora Lux, 1973.
Lancenet. Saiba aonde foram parar outras relíquias do futebol. Disponível em: <http://www.lancenet.com.br/noticias/09-03-24/514215.stm?saiba-aonde-foram-parar-outras-reliquias-do-futebol>. Acesso em: 10.mai 2010.
O Estadão Online. Camisa de Pelé na final de 58 será leiloada. Disponível em:
. Acesso em: 10.mai 2010.
TODAS as Copas. Lance! – O diário dos Esportes, São Paulo, pp. 8-34, 1998.


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